Alumni in Focus

Ex-Alunos em Foco

Miss Monica

Miss Monica

Polícia da Serra Leoa

Este mês, entrevistámos uma das nossas ex-alunas. Ela pertence à Polícia da Serra Leoa tendo participado no Curso sobre Chefia para Supervisores a cargo da Aplicação da Lei, realizado em 2018. Foi com prazer que ela partilhou alguns dos aspectos proeminentes até agora registados na sua carreira profissional. Uma boa leitura!

 Queira em breves palavras apresentar-se e falar da sua carreira agente a cargo da aplicação da lei.

 Chamo-me Monica. De momento desempenho as funções de Agente  de Apoio / Chefe Adjunta da Divisão da Polícia de Lumley. Após ter frequentado o curso de formação no RTC em 2018, parti para a Somália, como instrutora integrada  numa missão de manutenção da paz de um ano. No regresso, continuei a desempenhar o cargo de Oficial do Estado-Maior / Chefe Interina de Formação no Comando da Polícia. A partir de Março de 2020, comecei a trabalhar como responsável pelo sector de pessoal, logística e imagem da divisão.

 

Quais os principais benefícios que colheu do Curso sobre Chefia para Supervisores a cargo da Aplicação da Lei?

Uma coisa que aprendi no curso sobre chefia foi como tirar proveito das  minhas capacidades de chefia para assim dar um contributo diferente, especialmente como mulher integrada na Força Policial da Serra Leoa. Em virtude das lições colhidas no curso, passei a olhar para mim como pessoa em posição de chefia a nível da força policial, e a tomar consciência do meu potencial, tendo em conta as minhas capacidades e os princípios que passei a seguir. Por causa disso, muitos agora consideram-me uma das mulheres de destaque em posição de chefia na força policial. Para mim, duas coisas estiveram em evidência durante o curso de formação: a ferramenta «janela» e a técnica de análise SWOT (Pontos Fortes e Fracos, Oportunidades e  Ameaças). Recorro a estes meios sempre que necessito de alterar a nossa abordagem de trabalho com vista a melhorar a imagem da minha divisão. Certifico-me ainda de que faço sugestões ponderadas em reuniões com os nossos comandantes, pois estou ciente da importância de encontrar melhores formas de tratar das coisas enquanto chefe, e de melhorar o serviço que prestamos às nossas comunidades.

 Na sua opinião, quais os maiores desafios enfrentados por mulheres no sector da aplicação da lei na presente fase e como podem ser abordados?

 Uma agente que trabalhe num sector dominado por homens constitui um desafio. As nossas responsabilidades familiares e a realidade da Covid-19, tornaram as coisas mais difíceis. Temos de determinar como cumprir as nossas obrigações com eficácia e ombrearmos com os nossos colegas, ao mesmo tempo que garantimos que os nossos lares não são negligenciados e que o agregado familiar vive em segurança. Há também a responsabilidade acrescida de contribuir para o desenvolvimento social quando regressamos às nossas comunidades sem envergarmos as nossas fardas. Como mulher, não posso negligenciar nenhuma dessas responsabilidades, pois estas definem quem somos. Porém, surge um desafio quando trabalhamos no sector da aplicação da lei e temos de equilibrar todos esses factores.

 

Que conselho é que você daria às mulheres no sector da aplicação da lei que conjugam o trabalho que executam com outras responsabilidades?

 Eu aconselharia qualquer mulher que trabalha no sector da aplicação da lei, especialmente as agentes subalternas que se sentem intimidadas pelos agentes com quem trabalham, a ignorar essa situação, centrando-se seriamente nas suas responsabilidades profissionais. Além disso, tenho um modelo de vida assente em três pontos que, sempre que se afigure oportuno, partilho com  mulheres que desempenham funções no sector da aplicação da lei:

  • Ter integridade e saber que tudo o que se faz não apenas se reflecte numa pessoa, mas também na sua família e naqueles que com esta se
  • Demonstrar sempre profissionalismo no desempenho de funções. Isso é importante para a nossa área de trabalho, especialmente por termos de conquistar a confiança dos cidadãos nas nossas capacidades como agentes e instituições responsáveis pela aplicação da lei.
  • Actuar de acordo com a ética e demonstrar empatia para com os nossos cidadãos. Acredito especialmente que quando actuamos como agentes responsáveis pela aplicação da lei seguindo o código de ética, enfrentaremos menos confrontos no seio das comunidades que servimos, como tumultos, protestos ou o disparo desnecessário de armas de fogo. Isso também aumentará a confiança do público nas nossas instituições.

 Você teve a oportunidade de partilhar as lições aprendidas no RTC com outras mulheres no seu escritório? E como é que  isso mudou as coisas?

 Tive a oportunidade de partilhar os conhecimentos adquiridos no RTC com colegas no meu escritório, em seminários e em cursos de formação de inspectores ministrados em ambiente de trabalho, e com formandos na Escola de Formação da Polícia da Serra Leoa. Embora tenha visto algumas mudanças na instituição, o progresso registado tem sido lento. Acredito que outras oportunidades de formação para agentes a nível da minha instituição servirão para melhorar a qualidade e a abordagem relacionadas com o cumprimento das nossas responsabilidades.

 Muito obrigada, Sra. Monica, por inspirar outras agentes a dar o melhor de si no contexto das respectivas carreiras profissionais. Você gostaria de partilhar o avanço registado na sua carreira profissional depois de ter frequentado um curso de formação no RTC? Escreva-nos através do seguinte endereço para podermos dar início à nossa conversa: info@westafricartc.org.